março 20, 2013

Os clássicos que não vimos

A forma como vemos o cinema mudou. Mudou a partir do momento em que desapareceram as grandes salas de cinema que passaram a ser integradas na estrutura dos centros comerciais; mudou com as plataformas on-demand ou streaming e mudou com a pirataria que foi fazendo com que o nível de exigência na qualidade do produto tenha baixado. O facto de também vivermos em crise faz com que a expectativa baixe e se adoptem estes mecanismos mais simples ou imediatos para atingir a satisfação do cinema. Por outro lado, a facilidade com que conseguimos aceder a qualquer conteúdo em qualquer lugar, desde que munidos do dispositivo adequado, torna o produto audiovisual um mobilizador activo das massas, mais universal e mais democrático e isso tem pontos positivos.
Contudo, bem sabemos que nada substitui a sala de cinema e é aí que continuamos a querer ver aqueles filmes que aguardamos com maior expectativa. Apesar de sermos todos cúmplices das facilidades que nos oferece a pirataria, bem sabemos que o filme é das salas, a alto e bom som, com ou sem pipocas, mas é ali naquele lugar de frente para o grande ecrã que conseguimos sentir melhor as grandes emoções.
Sendo o cinema um palco de grandes emoções, é também ele um espaço de memória e em boa hora se decidiu repor o Vertigo e o Psycho. Abriu-se com isto um precedente importante. A verdade é que as pessoas interessam-se pelo bom passado e quem nunca teve oportunidade de ver no grande ecrã os grandes clássicos, alimentou sempre o desejo de os ver, porque em sala é diferente e é melhor. A noticia de que a Columbia Tristar Warner irá iniciar um programa de Sessões Clássicas é uma grande noticia. E que melhor começo do que Taxi Driver que, na minha humilde opinião, é simplesmente um dos melhores filmes de todos os tempos. Em versão restaurada digitalmente, na melhor qualidade possível, muito melhor até do que quando o filme estreou em 76, enfim, coisas que só esta Era podia permitir.
Há muito tempo que as grandes salas desapareceram e com elas o frenesim das grandes estreias e das grandes estrelas. Já não é possível recriar todo esse ambiente e todo esse tempo, mas do passado se fez o presente e resta-nos os filmes para olhar até sempre.

3 comentários:

  1. Nem mais, uma excelente notícia e com Taxi Driver virão outros, já li algures o Lawrence da Arábia. Uma excelente oportunidade, porque como bem dizes, não há nada como a magia de uma sala de cinema.

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  2. Identifico-me com o texto. Cedo às facilidades dos novos meios, mas vou ao cinema uma ou mais vezes por semana, e é ali que os filmes sabem melhor. Que essas iniciativas venham para ficar, e que ajudem a sensibilizar outros públicos para o valor dos clássicos.

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  3. Concordo contigo claro. Ver um filme na tela é como que uma experiência social realmente importante e prazeirosa. Mas por vezes as condições exaltam-me de tal forma (comida a ser mastigada, conversas que não podem esperar pelo final do filme, o malfadado intervalo que interrompe a história nas piores alturas, etc etc...) que ver em casa, sozinho e com todos os meus sentidos voltados à apreensão do filme, acaba por resultar melhor. Mas claro que numa sala o impacto é outro, em termos visuais e sonoros.
    Ainda no outro dia o meu professor disse algo interessante. Estava a comentar acerca da pobre difusão dos filmes antigamente, contrariamente aos alargados meios dos quais dispomos actualmente. Quando as pessoas queriam realmente ver um filme no grande ecrã que não chegava de qualquer forma ao seu país, até eram capazes de se meter num avião só para poder participar nessa sessão. Dá que pensar...hoje em dia temos tudo à distância de um clique...

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