julho 22, 2013

2 x 3 x 7 não são 42

É curioso ver que mais do que sensibilizar os espectadores para uma agenda oculta presente no filme The Shining, o documentário Room 237 - pelo absurdo das teorias apresentadas e de como são "provadas" - acaba por chamar a atenção única e exclusivamente para alguns erros de continuidade que afinal são comuns a todos os filmes, mas que aqui tendem a ser mostrados como tencionais e propositados. Nada mais retenho deste documentário, a par de uma ou outra curiosidade que poderá ter fundamento, como por exemplo, a possível provocação de Kubrick a Stephen King com a cor do carro, ou ainda a ideia de que o filme pode ser visto de trás para a frente com a respectiva sobreposição sobre a projecção normal do filme que é interessante mas que valerá mais pela piada que certas coincidências desses planos sobrepostos podem mostrar.
Admito que Kubrick é terreno fértil para diversas interpretações, tal como uma obra de arte que está sujeita à crítica subjectiva, mas neste caso em particular os fundamentalistas da conspiração não deverão ter sido alheios ao facto de a seguir às filmagens de Barry Lyndon o realizador ter supostamente entrado em contacto com profissionais da publicidade e marketing com especialidade na inclusão de mensagens subliminares nos seus produtos. Poderá ter sido aqui o ponto de partida para a especulação. Como artista da imagem e especialista supremo na arte de filmar, concedo que nada do que é visto nos filmes de Kubrick é feito ao acaso, mas daí a fazer-se a correspondência simbólica com o Holocausto, a missão Apollo ou o genocídio dos povos indígenas dos Estados Unidos já me parece algo rebuscado demais.
Assumindo o certo mistério que há em Kubrick, há que dizer, por paradoxal que pareça, que a decifração dos seus códigos não se pode resumir à aritmética mais ou menos elaborada daqueles que procuram na multiplicação das partes a soma de uma verdade lunática sobre a sua obra.

1 comentário:

  1. É verdade que se cometem exageros na apreciação das obras do Kubrick, mas não deixa de ser fascinante como se conseguem descobrir tantos significados e tantas coincidências nelas! Ainda não vi este filme :P

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