julho 07, 2013

A família Stoker

Talvez pelas exigências profissionais que me obrigam a uma certa organização do conteúdo de cinema, tenho o hábito da catalogação e classificação dos filmes que vejo. A classificação que faço daquilo que vejo, reservo para o foro privado servindo sobretudo para a minha memória futura e confesso que dos meus dez melhores filmes não entra nenhum da década de 90 ou do novo milénio e isso, se por um lado, pode traduzir uma certa resistência ao que de novo se faz face ao antigo, por outro lado, penso que vai ao encontro daquilo que entendo como a decadência das ideias ou a decadência na forma como se filma o filme. Não quero com isto negar que se faz bom cinema nos dias hoje. Apesar dessa decadência generalizada há excepções notáveis mas que, no entanto, o tempo lá dará o devido crédito, tal como muito provavelmente eu o farei, ainda mais do que o faço actualmente, preservando a minha coerência quase formal, mas de acordo com a minha actualidade perfeitamente justa, em integrar nas minhas preferências filmes com mais de 25 anos.
Desta forma, quando dou de caras com um filme que rompe a regra da mediocridade não consigo esconder a excitação e o entusiasmo. Stoker não será um filme para entrar no tal top 10 da minha vida, talvez por lhe faltar ainda o tempo para isso, mas é sem dúvida do melhor que vi nos últimos tempos. Intenso e genial na maneira de contar a trama, uma representação soberba de Mia Wasikowska, com a super-estrela Nicole Kidman também muito bem, quase como sempre. Esta é uma história familiar de crime e de paixões proibidas, de silêncios ocultos e memórias incertas, segredos inconfessáveis e revelações macabras. Mas para além de contar histórias o cinema serve também para mostrá-las e aqui cada plano é configurado à luz de uma estética brilhante que é construída em forma de requintes e pormenores perturbadores que são servidos pelas personagens principais, o que já é uma imagem de marca do realizador Chan-wook Park.


1 comentário:

  1. Vi ontem o filme, graças aqui à tua recomendação ;) Gostei bastante...e a sua estética é realmente um dos seus grandes trunfos!

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