maio 20, 2013
Amer, para lá do Giallo
No dia em que os planos perpétuos estão na janela encantada cabe aqui fazer a referência ao filme responsável pelo ciclo.
Foi Amer que contribuiu para que descobrisse para além do vulgo conhecimento do cinema Giallo e dos responsáveis pela sua fundação e existência. Este filme é a grande homenagem ao género, mas não se limita a ir por aí. Amer acrescenta à estética própria e temperada desse tempo algo novo e temperado há medida do nosso tempo e que se traduz numa intensidade mais terrorífica que joga na simultaneidade com a densidade da descoberta do sexo e com a frieza da morte começada pela contemplação do puro corpo e acabada no orgasmo mais violento. Apesar de usar excessivamente os elementos Giallo, que adornam todo o filme ao máximo feito quase como caricatura, o filme ganha nele próprio uma vida única provocando uma singular angustia fruto da forma como nos são atirados os planos. E é neste plano que ao longo do filme nos apercebemos que o Giallo é aqui apenas uma plataforma para chegar mais perto das nossas emoções limitando-se a ser o móbil que vai alimentar a exacta narrativa capaz de devolver ao espectador a sensação de aperto e libertação, como quem inspira e expira, tal como no filme, ao mais alto nível. E é nestes momentos e nos breves intervalos que têm os gestos e os silêncios que antecedem cada climax sem vergonha que nos apercebemos que, no final de contas, já estamos longe e muitos alheados daquilo que se contou e mostrou nos filmes originais de Bava ou Argento e que estão na génese da inspiração para este filme.
Sem Amer, não conheceria os filmes que mostro no meu ciclo e sem os filmes do meu ciclo nunca poderia finalmente compreender e interpretar Amer à luz desse passado e da sua capacidade em ser um filme que acertou em cheio no presente.
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Interessante que fales no filme Amer, vi esse filme no motelx.Lembro-me de sair da sala e pensar que vi um filme "enfadonho". Mas agora que ando a explorar esse cinema, talvez o reveja e finalmente perceba a excelente homenagem que o filme faz ao género.
ResponderEliminarParabéns pelo blog :)
Abraço
Ricardo