Quero apenas salientar o que foi porventura a coisa mais previsível dos Óscares: a entrega do prémio de Melhor Actor. Mas esta é uma previsibilidade boa de salientar. O facto de Daniel Day-Lewis ter ganho o prémio a actores que tiveram representações soberbas nos seus filmes realça duas coisas. Em primeiro lugar, que Day-Lewis fez de facto um papel que vai ficar para a história e em segundo lugar é que estamos perante o melhor actor da actualidade e talvez um dos melhores de todos os tempos.
O “método” de Day-Lewis é a forma que ele entende como melhor para estabelecer um compromisso de superação pessoal em função da construção da personagem. E ninguém pode negar o mérito que ele tem em consegui-lo. Neste último filme, Daniel Day-Lewis é Lincoln e não há maneira melhor de parece-lo do que sê-lo de uma forma tão perfeita que nós ficamos a acreditar que Lincoln era assim, daquela forma, como Daniel Day-Lewis foi. É mais do que acreditar até, é saber que Lincoln era assim.
Daniel Day-Lewis é provavelmente o actor que leva mais ao extremo o seu ofício e um sinal disso não é apenas a opção do “método”, como também é o facto de ele trabalhar em poucos filmes o que cria à sua volta uma aura de excepcionalidade e rigor ao contrário de De Niro que embarcou numa febre de filmes medíocres com a entrada no novo século, que nem esta última nomeação disfarça.
O percurso de Daniel Day-Lewis mostra-nos que irá continuar a dar a sua vida pelas personagens em que acredita e que dada a raridade, a sua aparição continuará a ser por si só um evento dentro do cinema.
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