Falei há tempos do
terror por meio da personagem-caricatura de mal, isto para dar significado à
multiplicidade do objecto do género. O terror apareceu com o nascimento destas
personagens míticas e toda a sua envolvência mística. Mais tarde apareceu a
natureza com suas gigantes criaturas, seres de outros planetas, mutação da raça
humana e a perversão fácil dos serial killers das massas como Freddy, Jason,
Michael e Leatherface. Porém, há ainda essa espécie de terror que usa a máscara
do homem comum para esconder a verdadeira face obscura e traumatizada que dá
corpo ao que se pode entender por loucura e que resulta no retrato do
psicopata.
Norman Bates é um
psicopata. Ele vive em função de estranhas obsessões resultantes de traumas da
juventude, tal Ed Gein, e acrescenta ao horror das suas opções, a negação da
morte da mãe preservando física e materialmente nele próprio a continuação da
sua vida, que obviamente não passa de um embuste. É nesta complexidade que está
mergulhada a existência de Norman Bates que não distingue o que é moralmente
correcto ou errado vivendo num labirinto de hábitos macabros e verdades
subvertidas, pois é disto que os psicopatas são feitos.
E é para este
universo que Hitchcock nos conduz. Mesmo que do lado do psicopata esteja uma
pessoa aparentemente simples, simpática e inofensiva, ele não é por isso menos
perigoso e Hitchcock faz desta personagem e deste caso um filme de terror. Cada
plano e cada lance de imagem desperta um mistério que vamos deslindando à
medida que o psicopata se revela como naquele buraco na parede por onde ele
espreita, naquela morte prematura e cruel no chuveiro, no motel imutável com os
bichos embalsamados ou naquela casa assombrada onde reside o derradeiro
segredo. Ao longo do filme, vamos ganhando consciência sobre o pesadelo deste
psicopata, mas a verdade é que no final vemos que não estamos preparados para a
revelação bizarra de Norman Bates.
Este filme de Hitchcock
é um exemplo da sua tenacidade e coragem. Em Psycho, ele fez-nos ouvir o medo e
deu-nos um susto para onde olharmos. Em grande plano.
O Bates tornou-se realmente um dos vilões mais icónicos do cinema a par com Hannibal Lecter. Ainsa se aproveitou a personagem para uma data de sequelas, mas nunca as vi, dizem que são mutio dispensáveis.
ResponderEliminarNão conhecia o blog, é muito interessante abraço.